Cadeia de Custódia na Prova Digital: Para 63ª VT RJ foi Fator Decisivo no Processo

Por Silvana de Oliveira

Hoje nossa matéria começa de uma forma um pouco diferente, pois, antes de tudo, quero agradecer ao Dr. Ricardo Trigona (@ricardotrigona_advogados). É uma grande satisfação ver os ensinamentos do curso de Provas Digitais sendo aplicados na prática, e fico imensamente grata pelo valioso feedback e pela dedicação. Como professora, é gratificante testemunhar o impacto positivo do conhecimento na atuação profissional, reforçando a importância da perícia digital e da correta utilização das provas digitais no meio jurídico.

Parabéns pelo empenho e dedicação!

A era digital trouxe novos desafios para o Direito, especialmente no campo trabalhista, onde a coleta e apresentação de provas digitais desempenham um papel crucial na comprovação de condutas e infrações. A necessidade de garantir a autenticidade, integridade e confiabilidade dessas provas torna essencial o respeito à cadeia de custódia, um conceito fundamental para a validade da evidência em processos judiciais.

Um exemplo emblemático da aplicação desse princípio é o caso julgado pela 63ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, no processo nº 0100140-58.2024.5.01.0063. No referido caso, o juízo reconheceu a justa causa aplicada ao empregado com base em provas digitais devidamente coletadas, respeitando a cadeia de custódia. A ré apresentou um relatório de captura técnica, demonstrando que as imagens printadas possuíam registro de custódia, garantindo auditabilidade, justificabilidade, repetibilidade e reprodutibilidade.

O Que é a Cadeia de Custódia e Por Que Ela é Essencial?

A cadeia de custódia é o conjunto de procedimentos que asseguram que uma prova digital não foi alterada desde a sua coleta até sua apresentação em juízo. Ela envolve a identificação, preservação, documentação e análise da prova, garantindo sua integridade e autenticidade.

No contexto das ações trabalhistas, a prova digital pode incluir:

  • Capturas de tela (de conversas, e-mails dentre outros)
  • Gravações de áudio e vídeo
  • Degravação de áudio e vídeo
  • Registros de acesso a sistemas corporativos
  • Arquivos digitais armazenados em nuvem

Sem um processo adequado de cadeia de custódia, essas provas podem ser questionadas por suspeitas de manipulação, invalidando sua utilização no processo.

Como Garantir a Cadeia de Custódia na Coleta de Provas Digitais?

Para que uma prova digital seja aceita sem questionamentos, deve-se seguir boas práticas de preservação e documentação, tais como:

  1. Captura Técnica Certificada – Utilizar ferramentas que garantam a veracidade das capturas de tela e registros digitais, como softwares que geram hash criptográfico para comprovar a integridade do arquivo.
  2. Registro de Metadados – Os metadados são informações essenciais sobre a prova digital, como data, hora, autor e localização. Preservá-los é fundamental para assegurar a originalidade do documento.
  3. Laudo Técnico Pericial – O ideal é que a prova seja analisada por um perito forense, que emita um laudo técnico confirmando sua autenticidade.
  4. Armazenamento Seguro – A evidência digital deve ser armazenada de forma a evitar alterações acidentais ou intencionais, utilizando blockchain ou registros de imutabilidade.
  5. Documentação de Custódia – Manter um histórico detalhado de quem teve acesso à prova, em quais momentos e quais procedimentos foram adotados para garantir sua integridade.

O julgamento da 63ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro evidencia a crescente importância da cadeia de custódia na coleta de provas digitais. No caso analisado, a comprovação da autenticidade e integridade da prova digital levou ao reconhecimento da justa causa aplicada ao empregado, garantindo um julgamento justo e fundamentado.

Portanto, tanto empregadores quanto advogados devem estar atentos à correta coleta e preservação das provas digitais para evitar a impugnação das evidências e assegurar um processo trabalhista legítimo e bem fundamentado.


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