Golpe do Exame Médico: Como quase enganaram a mãe de um paciente e o que você precisa saber

Por Silvana de Oliveira  Perita Judicial, Grafotécnica, Especialista em Provas Digitais e Investigação Forense

Na última semana, um caso chamou atenção pela forma engenhosa com que golpistas tentaram enganar uma senhora recém-operada. O episódio serve como alerta para todos nós sobre como criminosos exploram momentos de vulnerabilidade para aplicar fraudes.

Tudo começou após a alta hospitalar da paciente, que havia passado por uma cirurgia. No mesmo dia em que chegou em casa para iniciar a recuperação, ela recebeu uma mensagem supostamente enviada pela clínica onde havia realizado exames. O contato parecia legítimo: trazia seu nome, dados pessoais e a promessa de entregar o resultado de exames diretamente em sua residência.

No entanto, havia uma condição: o pagamento de uma pequena taxa de R$ 51. A princípio, o valor baixo parecia inofensivo — justamente o que torna esse tipo de golpe ainda mais perigoso. O filho, desconfiado, lembrou-se de relatos semelhantes e decidiu investigar antes de permitir que a mãe efetuasse qualquer pagamento.

Pouco depois, um homem ligou para o telefone fixo da casa, dizendo ser o entregador do exame e solicitando que a paciente descesse até a portaria para realizar o pagamento. Quando ela tentou resolver deixando dinheiro com o porteiro, recebeu a negativa: “Só aceitamos cartão”. Esse detalhe foi a chave para confirmar a fraude, já que o objetivo dos criminosos era clonar o cartão bancário.

caso real

A situação quase se concretizou, mas a rápida intervenção do filho evitou que a mãe fosse vítima. Ao entrarem em contato diretamente com a clínica, a confirmação veio: não havia nenhum exame pendente de entrega. Era um golpe, e não um caso isolado.

Segundo relatos, esse esquema vem sendo aplicado em larga escala. Criminosos obtêm dados de pacientes e simulam comunicações oficiais, muitas vezes se passando por hospitais, clínicas ou até mesmo empresas de comércio eletrônico, como Amazon, Shopee e Temu. A estratégia é sempre a mesma: solicitar pequenas quantias para “liberar” entregas ou resultados, e, no ato do pagamento presencial, clonar cartões ou aplicar cobranças muito superiores ao prometido.

Lições do caso

  1. Clínicas e hospitais não cobram taxas para entrega de exames.
  2. Desconfie sempre de valores baixos. O objetivo é justamente induzir a pressa e reduzir a atenção da vítima.
  3. Confirme diretamente na instituição. Um simples telefonema pode evitar grandes prejuízos.
  4. Nunca forneça cartão a desconhecidos. Pagamentos devem ser feitos apenas em canais oficiais e verificados.

No caso relatado, a senhora não caiu no golpe porque o filho chegou a tempo. Mas se o atraso tivesse sido de apenas dez minutos, a história poderia ter terminado de forma diferente. Esse episódio evidencia não só a criatividade dos golpistas, mas também a importância de redobrar a atenção, especialmente em momentos delicados, como quando estamos lidando com saúde ou recuperação de familiares.

Casos como esse se tornaram frequentes porque golpistas conseguem acesso a informações sensíveis de pacientes, como nome, CPF, telefone e histórico médico. Com esses dados em mãos, a fraude ganha aparência de legitimidade, aumentando a chance de enganar vítimas em situações de fragilidade.

“Esses criminosos se aproveitam de vazamentos em clínicas e hospitais. Com poucas informações, criam um roteiro convincente e exploram a confiança das pessoas”, explica um especialista em segurança digital.

O objetivo é sempre o mesmo: induzir ao pagamento via cartão, clonando os dados ou cobrando valores muito superiores ao informado.

Hospitais e laboratórios reforçam que não cobram taxas para entrega de exames e orientam os pacientes a confirmarem diretamente com a instituição antes de realizar qualquer pagamento. Além disso, órgãos de defesa do consumidor e especialistas em proteção de dados destacam a importância da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece regras de segurança e responsabilização para empresas que lidam com informações sensíveis. O episódio mostra como a prevenção e a checagem são fundamentais. “Se eu tivesse chegado dez minutos depois na casa da minha mãe, ela teria caído no golpe”, relatou o filho. As autoridades orientam que, em casos suspeitos, não se forneçam dados ou cartões a terceiros, que seja registrado boletim de ocorrência e comunicado o fato à instituição envolvida.

  1. Fonte: https://youtu.be/Ob21F85joEU ↩︎

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